segunda-feira, 16 de julho de 2007

O fim do papel

O papel foi descoberto na China por volta do ano 100 a.C e junto com a escrita teve uma enorme importância na história da humanidade. A escrita permitiu que os acontecimentos fossem registrados e as informações conseguiram ser armazenadas por mais tempo sem sofrerem mudanças ou serem esquecidas. Com o passar do tempo, a invenção de novas tecnologias e o surgimento de novas necessidades o uso do papel se tornou cada vez mais freqüente e intenso, tanto que é complicado pensar nossa vida sem a presença do papel hoje em dia.

E se a necessidade é grande e o uso é freqüente, conseqüentemente, a quantidade de matéria-prima utilizada se torna maior também contribuindo assim para o desmatamento. Para se ter uma idéia, a taxa anual de desmatamento da Amazônia Legal para o período de agosto/2001 a agosto/2002 - chegou a 25.500 km2 , o que equivale a 5,1 milhões de campos de futebol, um aumento de 40% em relação ao ano anterior. O papel está cada vez mais caro e esse custo é repassado ao consumidor, fato esse que inibe o interesse por livros e jornais impressos. Diante dos fatos, é válido buscar alternativas que reduzam não apenas o seu uso como também o seu custo.

A tecnologia vem contribuindo paulatinamente para isso fornecendo recursos através da popularização da informática e da inserção da Internet no cotidiano das pessoas. Antes era impossível atualizar cópias sem rasuras, enquanto hoje, com edições eletrônicas e online as atualizações são constantes e imediatas. O jornal que chega na banca traz matérias já superadas por sua própria versão virtual. A ajuda parte também dos chamados “softwares ecológicos” que permitem que documentos circulem eliminando sucessivas cópias em papel.

Atualmente em fase final de implantação, o Projeto Doc-STN, encomendado há dois anos ao Serpro para gestão eletrônica da Secretaria do Tesouro Nacional, vai tornar disponíveis digitalmente 5 milhões de documentos e tem uma meta: tornar o órgão que cuida das dívidas interna e externa brasileiras uma entidade paperless, ou seja, sem papel.

No processo de implantação do sistema Doc-STN, toda a estrutura de funcionamento está sendo modificada para se adequar aos novos parâmetros de guarda e gerenciamento de documentos. Antes, a Secretaria mantinha enormes quantidades de papéis em arquivos e depósitos. Não havia uma tabela de temporalidade, o que fazia com que, por segurança, muitos documentos fossem arquivados ad eternum.

O sistema é feito em framework, com ferramenta On-Base e uma camada de aplicação VB (Visual Basic). Funciona na web, mas pode ser acessado por meio de software livre. O servidor também pode ser colocado para rodar em Linux. Embutidas na plataforma de base de dados, estão todas as normas relativas a acervo documental; caso as normas sejam modificadas, pode-se mudar a base sem ser necessário alterar o padrão. Isso facilita possíveis implementações futuras e a adaptação a qualquer órgão do governo federal.

Aluísio Marques Júnior resume as vantagens do Doc-STN: "É altamente aplicável e aderente; elimina o uso de papel; facilita o fluxo de documentos dentro da organização e é baseado em normas que dispensam conhecimento prévio". Com o novo sistema, a STN pode iniciar um processo de eliminação de papéis antigos. Para ingresso e validação dos documentos, são exigidos certificação digital e assinatura digital.

Para os mais tradicionalistas foi criada a tela digital, 2,5 mais fina que uma folha padrão de papel, com apenas 0,25 milímetros de espessura. O protótipo da Canon tem o toner espremido entre duas lâminas de filme plástico. O que significa que a tela é menos frágil que os Liquid Cristal Displays (LCDs), feitos com cristal líquido entre duas lâminas de vidro. A tecnologia faz com que a imagem permaneça no display mesmo quando a tela for desligada. Ou seja, o monitor só precisa ficar ligado enquanto as imagens são desenhadas.

O objetivo do projeto da Canon é unir portabilidade com praticidade pois a dificuldade de leitura nos meios eletrônicos é real devido à luminosidade. Acompanhando o desenvolvimento, as empresas de tecnologia estão dispostas a criar produtos confortáveis não só para vista como para postura. A tela flexível, ou display dobrável, é alvo de pesquisas de outras companhias como a E-Ink Corporation e a Lucent Technologies.

Um comentário:

Graci disse...

Excelente artigo! E o termo "paperless" nos faz pensar... por exemplo, se vocês tivessem que fazer uma pesquisa na Internet, colocar no Word, imprimir e me entregar, iriam utilizar no mínimo 1 folha A4. Mas a disponibilidade no blog, torna possível além de "poupar" papel, que eu possa ler de qq lugar q acesse a internet, reler e ainda outras pessoas tenham acesso... A "acessibilidade" da web é algo que conta muito em detrimento do papel... vamos ver o que vai acontecer, mas minha aposta é que nao serao os e-books, mas a disponilização dos documentos online e os dispositivos móveis que irão contribuir para a diminuição do uso de papel.. eh esperar pra ver :)